Mais um ano, mais um domingo cercado pela prole, presentes, flores e palavras carinhosas!
As acusações de mãe coruja e superprotetora sempre me pareceram exageradas. Meus filhos sempre se destacaram pela beleza - eram chamados de bebês Johnson - pela inteligência e personalidade. Não é porque são meus, ou que os veja com uma lente distorcida, mas as crianças adoráveis se tornaram pessoas amáveis; ao contrário de hoje que crianças terríveis se transformam em adultos insuportáveis.
Se tivesse que definir o que é ser mãe, o faria em duas dimensões : forma e conteúdo.
Quanto à forma, diria que a maternidade é fazer uma cerâmica em um carro em movimento: requer atenção, cuidado e constantes ajustes. No final sempre vão achar que a obra poderia ser diferente, que há alguma falha de simetria ou conceito. Não importam os comentários dos especialistas de plantão, a obra é sua.
Em relação ao conteúdo comparo a um experimento de laboratório, onde colocamos todas as nossas crenças à prova, vinte quatro horas por dia, sete dias por semana e cujos resultados imprevisíveis demoram anos. A persistência e tenacidade dos cientistas em nós, são também testadas diariamente, a diferença é que eles não amam suas cobaias.
Os anos passam como um flash e o grande teste da missão cumprida vem com a separação, os filhos largam a sua mão, saem pela porta e vão fazer os próprios filhos.
Algum tempo depois eles retornam, e você se dá conta que falam para os filhos deles, coisas que você já havia esquecido ter repetido milhares de vezes.
A cada ano o ritual se repete; eles me cercando de demonstrações de carinho e eu secretamente os agradecendo pela oportunidade de ter aprendido a olhar para alguém além de mim mesma... e me tornado um ser humano melhor no caminho.
Antonio Augusto