O filme Animais Noturnos é sobre escolhas, perdas, arrependimento e como mulheres inteligentes e fortes tem dificuldades com homens fracos, sem atitude, demasiadamente românticos e sonhadores.
Susan, a protagonista, reencontra, se apaixona por um colega de escola e decide casar com ele. A mãe a adverte que sua sensibilidade e doçura, qualidades responsáveis pelo encantamento e aproximação dela, serão também a causa da separação.
Susan fica horrorizada com a profecia materna, achando que a mãe não a entende porque é muita diferente dela. Ela por sua vez, também de forma profética, a alerta que as duas são mais parecidas do que Susan imagina.
Convencida de que não demoveria a filha da ideia do casamento, a mãe suplica que não case, apenas vá viver junto com o namorado. A filha concorda.
Edward,um candidato a escritor, divide o tempo entre o mestrado em literatura e a tentativa de escrever um livro. O tempo vai passando e ele não consegue materializar o sonho e seus textos são inexpressivos; Susan passa a duvidar do seu potencial e da capacidade dele.
Admiração é facilmente perceptível: um olhar que brilha, um sorriso de satisfação e até uma pontinha de inveja. Por outro lado,aquela desconfiança na capacidade do outro em fazer, realizar, conquistar, inicialmente aparece em forma de apoio incondicional, mas o tempo e os elementos concretos de realidade se encarregam em torná-la aparente, visível, insuportável.
Culturalmente e historicamente, o papel masculino está associado ao fazer, a realizações e mulheres que possuem essa capacidade, parecem demandar ainda mais do companheiro. Mulheres também são seres contraditórios por natureza e apesar de todo discurso feminista, de independência a qualquer preço, o companheiro sensível, romântico e incapaz de realizar, vai se tornando irrelevante e com o tempo, dispensável. E assim foi com o Edward que foi trocado por um homem mais arrojado.
Não acredito que sensibilidade e pragmatismo sejam características excludentes, mas a vida e a idade vão mostrando que as duas juntas em um só homem, são uma combinação bem mais rara.
Também é importante notar que arrojo por si só não garante a felicidade mas é fundamental lembrar de São Tomás de Aquino antes buscar agulha no palheiro:
"Três coisas são necessárias para a salvação de um homem : saber em que acreditar, saber o que desejar e saber o que fazer".
Antonio Augusto