Sobre amores modernos

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Finalmente

Postado por Antonio Augusto em 06 Janeiro

Há meses ele acreditava que estava em mais uma dança de idas e vindas que se repetia. Estava enganado! Enquanto ensaiava os mesmos passos, ela continuava seu inexorável caminho para fora e para longe.

Ele olhou para trás, no passado, cinzas dos sonhos que um dia tiveram. Ou que talvez fossem só dele. A realidade se impôs feito rolo compressor e já não havia futuro para construir. Tentou resisitir enquanto pôde, desconsiderando os sinais, os gestos inequívocos de desvínculo e o final da linha.

Ao brigar com a realidade, se agarrou a cada possibilidade, cada gesto que pudesse significar um recomeço e tentou, tentou. Refez planos, reviu comportamentos, descobriu seus erros, buscou na empatia a salvação do que já não era mais possível resgatar sozinho, sem a ajuda que não viria.

Construiu teorias, acreditou em fórmulas, quimeras, em qualquer coisa que pudesse reverter o curso do rio caudaloso que destruiria a barragem frágil, que foi possível erguer.

No final, só havia o vazio e a descoberta que o aceno dela, cada vez mais infrequente, não era um chamado, mas um discreto adeus com nomes diferentes, em cores cada vez mais vivas e fortes.

Demorou a perceber e subitamente, como um balão de hélio, se viu distante, subindo, subindo e explodiu, se descobrindo sozinho no imenso azul vazio.

Finalmente se despediu das esperanças e do projeto de vida que ficou apenas na sua cabeça.

Antonio Augusto

Sobre o Autor

Escritor

Antonio Augusto escreve sobre o que vê, sente, entende e aprende.

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