Sobre amores modernos

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Baseado em sonhos reais

Postado por Antonio Augusto em 01 Dezembro

Vitória acordou com frio, muito frio apesar de ser uma noite de verão amena. Cobriu-se rapidamente e começou a pensar; aos poucos se lembrava do sonho : estava em uma escola, num lugar muito frio, só havia mulheres, ela no meio delas, andava em círculos e uma voz professoral falava de tudo que acontecia no planeta e o que precisava ser feito.

Quanto mais andava em círculos, mais frio sentia, a voz parecia aumentar o volume e a sensação de impotência crescia com uma certa angústia. Sentia os pés cada vez mais pesados, como se estivesse ancorada e o desejo de voar era tudo que pensava. Sim, ela queria voar, não queria mais andar em círculos ou seguir aquela voz, que a fazia prisioneira de si mesma, que indicava caminhos que davam sempre no mesmo lugar.

As imagens e sensações do sonho continuavam apesar de Vitória saber-se acordada. Ela continuava com frio, angustiada e cansada.

Não conseguia voltar a dormir, e a insônia trouxe os velhos fantasmas noturnos que povoam os quartos solitários. Começou a pensar nos fracassos afetivos, nas insistentes tentativas que deram em nada, nos recomeços cheios de esperança e nos finais que se arrastavam como se mutilando lentamente suas esperanças de uma vida simples e alegre.

Lembrou das escolhas que fez pensando no que deveria ser feito, ao invés do que ela desejava. Pensou nas decisões que a obrigaram buscar uma força que foi obrigada a produzir, a um custo alto, que continuava a pagar até hoje.

Pensou no que ela havia se tornado e como era diferente da mulher que ela sonhara ser. O frio aumentava a medida que pensava e ela desejou mais uma vez voar. Fechou os olhos acordada e se viu sobre uma imensa plantação de lavanda, sentia o aroma e voava mais alto. Voou, voou e adormeceu.

Antonio Augusto

Sobre o Autor

Escritor

Antonio Augusto escreve sobre o que vê, sente, entende e aprende.

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