Há dois tipos de sobreviventes: o resiliente e o desesperado. Aparentemente são iguais mas existem profundas diferenças. O sobrevivente resiliente foi criado em um ambiente estruturado, com contornos. Ele aprendeu desde cedo que é necessário superar as adversidades, mas há limites, há opções que devem levar em consideração valores e princípios. O sobrevivente desesperado prega valores e ética mas sofre metamorfoses a medida que as necessidades se impõem. Seu caráter é fluido, ao contrário do sobrevivente resiliente, cujo caráter vai se moldando pelas escolhas que reforçam e distinguem o certo do errado, o bem do mal.
O sobrevivente desesperado cresceu e se formou em meio ao caos e a desorganização. As adversidades se apresentam a todo momento e não há descanso, a vida é um emaranhado de decisões urgentes,de curtíssimo prazo que criam uma sensação de alívio apesar das consequencias que podem delas advir. Para o sobrevivente desesperado existe sempre uma quimera, uma solução imediata que resolverá todos os problemas, será a salvação. E ele faz apostas como se num cassino estivesse. Apostas erradas invariavelmente.
É como um episódio do Mr. Bean em que ele entra no banheiro, mancha a toalha de mão e , constrangido começa a busca pela solução do problema. Mr. Bean então decide jogar a tolha no sanitário e dar descarga, o que causa entupimento, faz o vaso transbordar e inundar o banheiro. O que parecia um atalho vira um pesadelo. Assim é a vida do sobrevivente desesperado, uma sequencia de atalhos que geram pesadelos, que demandam novos atalhos. A cena do Mr. Bean é cômica todavia.
Outra distinção importante é a capacidade de construir, de sedimentar, de avançar. O sobrevivente resiliente tem um certo senso de propósito, de direção, tem consciência da importância de cada conquista e da necessidade de consolidar o que conquistou. O sobrevivente desesperado vive sem ter a noção do que conquistou, por mérito ou sorte. Como vive em um eterno caos e acha que a norma é a desorganização,e que tudo vai ser perdido mesmo, não se preocupa em consolidar, não valoriza nada e a inquietação constante gera atropelos e destruição. A vida do desesperado é uma eterna volta ao caos, como uma maldição de profecias autorealizadas.
A ânsia e o medo da escassez impedem o desesperado de levantar a cabeça e olhar para onde seguir. A sensação é de sempre estar em um labirinto, perdido, desorientado. O desesperado teme a escassez e sempre se coloca na posição de receber, não sabe dar.
Para o desesperado a única maneira de ter alguma tranquilidade é buscar o controle a qualquer custo. A falsa ideia de controle cria a ilusão de tranquilidade. Para isso ele manipula, mente, representa, subestimando todos em volta. A sensação de controle cria uma onipotência que invariavelmente leva ao desencontro. Não dá pra enganar todo mundo o tempo todo!
Para lidar com o turbilhão de emoções e com o medo, o sobrevivente desesperado encontra forças na total desconsideração das emoções. O único jeito de continuar o percurso é buscar uma forma de se isolar da dor e do sofrimento. A solução é fugir da realidade e buscar um pragmatismo que beira a frieza. Esse isolamento impede que o aprendizado ocorra.
O sobrevivente resiliente procura se conhecer e lidar com suas emoções, reconhecer suas fraquezas e vai se fortalecendo a medida que encara os próprios medos, reconhece os erros e aprende.
Quando os caminhos dos dois tipos de sobreviventes se cruzam, existe uma certa sensação ilusória de encontro, de empatia mas o tempo vai mostrando as diferenças e vai se criando um abismo entre os dois, e o custo é alto.
Sobreviventes desesperados se tornam perigosos pois recebem, tiram, e seguem seu caminho deixando para trás o que não conseguem manter e um rastro de escombros.
Antonio Augusto
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