Encontro em uma terra distante
Navegando na internet encontrou uma paisagem que chamou sua atenção. Uma planície imensa cercada de montanhas com picos nevados e um lago que refletia o céu. No meio daquele cenário que parecia uma pintura, uma construção se destacava pela simplicidade e beleza.
Era um hotel no meio da Ptagônia Argentina, em El Calafate. Procurou mais detalhes. O nome era EOLO, o Deus dos ventos na mitologia Grega.
Havia algo naquele lugar e ele sentiu necessidade de ir. Sem um motivo, como se atendesse a um chamado.
Ligou, fez as reservas, comprou uma passagem de avião até Buenos Aires, outra até El Calafate. Partiu uma semana depois.
Ao chegar ao aeroporto de El Calafate foi recebido por Frederico, um motorista portenho simpático, comunicação fácil que havia morado em Bracelona e depois de rodar o mundo havia se encontrado na Patagônia. Aqui a paz vem com os ventos e os sentidos se aguçam a medida que nos integramos à natureza, disse ele.
Os 50km até o hotel foram percorridos calmamente e uma divertida resenha sobre o lugar, as pessoas e a vida, foi feita por aquele que poderia ser personagem de um filme.
Ao chegar ao hotel uma sensação diferente. Sentia-se como estivesse chegado finalmente ao seu destino. Naquele lugar cada momento era vivido sem ansiedade, sem preocupação, sem passado. Era o aqui e o agora, pleno.
Ao entrar no lobby foi recebido por pessoas extremamente hospitaleiras que mostraram as instalações. Uma sala principal com tres grandes paineis de vidro que descortinavam a paisagem Patagônica : montanhas, planície, lagos. Dois ambientes, um com imensos sofás de couro, outro com duas grandes poltronas, ambos propícios à contemplação. Uma senhora sentada em uma poltrona interrompeu a leitura, virou-se, esboçou um ar de surpresa e voltou a ler.
Ele foi para o quarto tomou um banho, descansou e foi jantar. A sala de jantar tinha uma lareira, poucas mesas. A refeição cuidadosamente preparada foi um brinde aos sentidos, como tudo naquele lugar.
Após o jantar foi para o lobby onde a senhora que o havia cumprimentado, lá ainda estava. A recepcionista havia mencionado que ela visitava o hotel todo ano naquela época há vários anos.
Ele se aproximou, ela colocou a taça de vinho do porto sobre a mesa, mais uma vez sorriu e o cumprimentou em inglês com um forte sotaque russo. Ele se aproximou, disse seu nome e ela respondeu : Praskovya Vladislavova, te espero há muito tempo.
Espantado ele achou que se tratava de uma brincadeira. Não era!
Os dois conversaram por muitas horas. Falaram da vida dele, das dúvdas, das grandes questões, das buscas, de tudo que deu certo e do que deu errado, dos desencontros e de como, nessa fase da vida, havia a a sensação de não saber qual o próximo passo.
Ele tinha a sensação que era compreendido, que ela tinha um jeito especial de fazer as perguntas e tirar dele as respostas que precisava.
Ao final da noite, antes de se despedir ela disse que durante quinze anos vinha a esse lugar pois sabia que o encontraria e tinha para ele uma mensagem simples: aquele era seu lugar e ali, integrado à natureza se descobriria, encontraria tudo que precisava e atenderia também ao seu chamado, ao seu propósito na vida.
Na verdade a sua vida até momento fora apenas o prelúdio para tudo que estava por vir, e não seria pouco.
Praskovya Vladislavova o abraçou afetuosamente, beijou seu rosto e disse ter certeza que aqeule era seu lugar.
Ele foi para o quarto e ficou na cama pensando sobre os eventos que o trouxeram até o EOLO e o encontro mágico com aquela senhora tão surpreendente.
No dia seguinte acordou e ao se dirigir ao lobby, percebeu um movimento frenético e incomum. Perguntou à recepcionista o que havia. Ela respondeu que a hóspede russa havia falecido na noite passada.
Ela cumpriu sua missão, pensou ele. Agora era sua vez de se encontrar e cumprir a sua.
Antonio Augusto
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