Amenidades e desperdícios
Ele tinha 45 anos. Era médico, cirurgião de sucesso, dedicado à profissão, acreditava na ciência e na ordem estabelecida das coisas. Não se importava com amenidades e desperdícios. Achava tudo isso entediante, uma perda de tempo. Preferia a solidão e a praticidade de fazer o que queria, quando queria, sem satisfações a dar ou contas a prestar.
O que interessava de fato era ele, seu trabalho e a realidade que criava, através das escolhas que fazia. Sempre honesto e direto com os pacientes, a quem dava prognósticos citando estatísticas, nunca conseguia se colocar no lugar deles. E achava melhor assim, não sentir, não se apegar. Estatísticas eram impessoais e cabiam a cada um interpretá-las do jeito que quisesse. Ele percebia o olhar de súplica dos pacientes por alguma esperança, ou algo a que se agarrar no momento em que a morte ficava na espreita, mas não sabia ser solidário. Imaginava que também por isso seus relacionamentos afetivos tinham sido tão poucos e sempre de curta duração.
Tudo mudou numa tarde de verão quando recebeu seus exames, feitos após um desmaio e dores-de-cabeça que se tornaram comuns. Abriu o envelope, leu e interpretou o laudo como fizera centenas de vezes. O diagnóstico era claro: tumor maligno no cérebro. A diferença era que dessa vez o paciente era ele. O resultado soou como uma sentença de morte.
Naquele momento percebeu o quanto era e estava só. Não tinha para quem ligar, nem para quem olhar e esperar solidariedade. Foi para casa e tomou o remédio que sempre prescreveu: estatísticas. Leu artigos de revistas médicas especializadas, procurou números que lhe indicassem aquilo que era incapaz de dar: esperança.
Sentia-se estranho ao olhar para sua vida e perceber o quanto havia deixado para trás em nome da profissão, do reconhecimento e do sucesso material. Por mais que entendesse que as escolhas foram aquelas que faziam sentido, sabia que parte de si havia ficado para trás e que agora precisava resgatar. Não sabia como, mas sabia que era necessário.
As sessões de radioterapia e quimioterapia lhes ensinaram a pedir ajuda. Para sua surpresa encontrou pessoas que gostavam dele de verdade, mas nunca tiveram espaço para demonstrar ou se aproximar.
Seis meses de tratamento. Um verdadeiro curso de reconexão com os sentimentos, sua própria humanidade e a redescoberta do que era realmente essencial.
Aprendeu que a vida não teria significado sem as amenidades e desperdícios típicos das relações humanas.
Antonio Augusto
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