Segredo de família
Carmen tinha 29 anos e se casaria em dois meses, mas o inusitado aconteceu. Numa fila de estacionamento de shopping, conheceu o homem que provocaria um vendaval em sua vida. Apaixonaram-se perdidamente, queria desisitir do casamento mas não sabia o que fazer. Resolveu conversar com sua avó Dolores, com quem tinha enorme afinidade desde pequena.
Dolores percebeu a angústia da neta e perguntou o que estava acontecendo. Carmen começou a chorar. A avó a acalmou e pediu que contasse o que a atormentava.
Ela revelou seu dilema: casar-se ou seguir seu coração ficando com o homem que a fez sentir-se pelo avesso.
Dolores então revelou a Carmen um segredo de família.
Ela tinha catorze anos quando seu pai decidiu que deveria casar-se com um jovem de 26 anos, também filho de imigrantes que retornariam para a Europa.
Abandonou a infância sem saber, nem entender porquê. Um ano depois dava luz a sua primeira filha.
O casal e a filha moravam na casa dos pais dela, como era comum naquela época. Casas grandes, com muitos quartos, corredores e pessoas cujas histórias se entrelaçavam.
No verão que completou dezoito anos, Dolores conheceu Gaspar, 19 anos e com a vitalidade que só os jovens possuem. Ele chegou da europa, filho de amigos da família de Dolores, e permaneceria na casa por seis meses, até conseguir um trabalho e poder seguir sozinho.
Não foi necessário mais que um encontro de olhos, para que aqueles dois jovens descobrissem o amor e começassem uma história de impossibilidades.
Gaspar e Dolores se encontravam por poucos momentos em baixo da escada, atrás das mangueiras do quintal ou onde fosse possível estar distante dos olhos vigilantes.
Na sala havia um imenso jarro onde eram cuidadosamente depositados os bilhetes que trocavam, como forma de amenizar a saudade e o desejo de estarem juntos.
Alguns meses depois, certos do amor que era impossível conter, decidiram fugir. Dolores sabia que sua filha seria bem criada pelos avós.
Na véspera da fuga o plano foi descoberto, Gaspar foi posto para fora sem a chance de se despedir de seu grande amor.
O marido de Dolores nunca soube, tampouco perguntou os motivos da saída repentina de Gaspar. Faz parte do código de algumas famílias não fazer perguntas.
Dolores perdeu o brilho no olhar desde então, mas o tempo acabou por trazer alguma resignação, apesar de nunca abandonar a esperança de um dia reencontrá-lo.
Sessenta anos haviam se passado desde que viu Gaspar pela última vez.
Carmen ficou surpresa e pensativa. Dolores continuou dizendo que o verdadeiro amor a gente reconhece quando vê e que não devemos perder a oportunidade de vivê-lo.
Filha, siga seu coração! Eu penso em Gaspar até hoje, disse Dolores à neta.
Carmen seguiu seu coração, mudou seu destino e foi viver a vida que escolheu.
Dez anos depois a avó, com Alzheimer, passou a morar com ela.
Dolores falava de Gaspar todo o tempo, chorava e se mostrava inquieta esperando pelo homem da sua vida, o que angustiava toda a família, especialmente Carmen e seu marido.
Não demorou e começaram a chegar cartas de Gaspar para Dolores. Ela as lia e relia com entusiasmo quando conseguia ou então pedia para a neta que as lesse. Seus olhos brilhavam e ela se acalmava, sua vida passou a ter sentido.
Também ditava para a neta as respostas e esperava a cada semana uma nova carta Assim foi até o dia da sua morte.
As cartas de Gaspar foram escritas pelo marido de Carmen, num gesto de amor e solidariedade, na tentativa de trazer paz e alento para aquela mulher tão importante em sua vida. Ele imaginava o quanto teria sofrido se Carmen não tivesse escolhido seguir a vida ao seu lado.
Escrever as cartas foi também uma maneira de retribuir o papel fundamental que Dolores teve na vida do casal.
Antonio Augusto
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