Papo à meia noite de um dia comum
O casal terminava a pintura do quarto no apartamento que haviam comprado juntos.
- Tô cansada.
- Cansada e com esse macacão velho...
- Trabalhando tanto, tenho estado um desleixo só. Pego a primeira roupa que vejo, desde que confortável.
- Pode ficar tranquila.
- Você está me achando feia?
- Que nada, você é linda até de macacão velho!
- Assim eu me apaixono.
- Achei que já estivesse apaixonada.
- Leva tempo.
- Eu me apaixonei rapidinho por você.
- Que nada. Você demorou a se render.
- Demorei não, esse seu olhar fez e faz milagres.
- E cá estamos pintando o quarto do nosso primeiro apartamento.
- Quem diria? Eu um solteiro convicto.
- E foi difícil mudar o estado civil?
- Contigo, fácil, sem pensar.
- Fiquei emocionada com sua resposta.
- Não vai chorar, vai?
- Vou porque estou emocionada, porque você tem sido um grande companheiro e isso era tudo que eu sonhava.
- Espera, espera, espera um pouquinho!
- Onde você vai?
- Pegar meu iphone para gravar esse depoimento. Pode repetir?
- Bobo! Não é bem assim.
- Quando você reclamar da minha insensibilidade masculina, da falta de atenção e de outros defeitos dou um play nessa gravação.
- Admito que você tem melhorado.
- Amar você me fez melhor.
- Foi difícil essa tarefa?
- Quando a gente ama de verdade é bem mais simples a transformação..
- Você era um congestionado afetivo, lembra?
- Se lembro!
- Não sabia nem abraçar direito.
- Mas aprendi abraçar e otras cositas mas.
- Deixa eu aproveitar esse momento magia entre nós e confessar uma coisa?
- Não gosto de conversas mágicas. Mas vamos lá!
- Então, sabe aquelas coisas sobre o amor de verdade, que a gente conversava durante horas, onde eu demonstrava tanta competência no assunto?
- Sei…
- Na verdade eu nunca tinha vivido esse tipo de amor, até duvidava um pouco que ele existia.
- Você teorizava então? Me convenceu que sabia o que era amor verdadeiro, e nunca tinha provado ?
- Sim, eu teorizava, mas estava em busca da comprovação.
- Caramba, fui a cobaia de um experimento afetivo.
- Ainda bem que deu certo. Encontrei o amor verdadeiro, e meio no susto..
- Deixa eu te confessar uma coisa também.
- Confesse, meu amor.
- Percebia seu medo constante e deduzi que você não tinha vivido um amor. E sabe o que mais? Como todo homem egoista (você mesmo diz assim), eu adorei, ao final, saber que fui seu primeiro amor.
- Seu maluco! Não me faça chorar de novo!
- Opa! cadê meu celular?
Antonio Augusto